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Série II / Número 17/18 / Volume
Janeiro 1984
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DOI: 10.52590/M3.P542
Há menos de 15 anos nasceu a astroquímica, ciência que tem conhecido importantes desenvolvimentos no seu ainda curto tempo de vida. Neste número do Boletim da SPQ pretendemos dar conta do nascimento e progresso deste novo ramo da Química.
A descoberta nos anos 70 de uma grande quantidade de moléculas - algumas delas bastante complexas - no meio muito rarefeito que separa as estrelas foi uma descoberta profundamente surpreendente. Apesar de alguns espíritos audaciosos, como o americano C. Townes, terem há muito previsto que o meio interestelar poderia ser sede de reacções químicas que conduziriam à formação de alguns radicais livres diatómicos como o radical OH, ou até à formação de moléculas com 3 ou 4 átomos como 1-120 ou NH3, estávamos longe de imaginar a presença de espécies como HC 1I N, a molécula mais pesada até hoje observada.
Existe no plano da nossa galáxia, e no de outras idênticas à nossa, uma quantidade importante de matéria sob a forma de gás e de poeira. Esta matéria interestelar não é homogénea encontrando-se concentrada em regiões a que os astrónomos chamam «nuvens interestelares». Estas nuvens têm uma extensão de alguns anos-luz e são bastante frias; as estimativas da temperatura variam entre 10 e 50 K. A matéria é predominantemente gasosa, sendo cerca de 1 % constituída por partículas de 0,1 micrómetro designadas por «poeira» ou «grãos».
No Laboratório de Astrofísica da Universidade de Leiden realizaram-se experiências de simulação laboratorial especialmente concebidas para estudar a evolução química da poeira interestelar no espaço e essas experiências mostram que a poeira contém a grande maioria do material orgânico do universo. Nestas experiências estudam-se os fotoprocessos de misturas de gelo a baixa temperatura (10 K) submetidas a uma radiação ultra-violeta de vácuo, simulando assim as condições interestelares
É feita uma breve caracterização do sistema científico e tecnológico português realçando os aspectos relacionados com a inovação industrial, em especial no domínio da química. É referido o contributo do esforço inovador em engenharia e tecnologia químicas para a satisfação correcta dos objectivos do desenvolvimento sócio-econó- mico no médio prazo.
O Centro de Electroquímica e Cinética da Universi- dade de Lisboa (CECUL) nasceu por despacho de 13 de Janeiro de 1976, do Secretário de Estado do Ensino Superior e Investigação Científica, a partir da reunião de pessoal investigador e auxiliar do Núcleo de Química-Física da Comissão de Estudos de Energia Nuclear do Instituto de Alta Cultura, com o pessoal do denominado LQ/3, ambos em funcionamento na FCL.

Com o avanço tecnológico em domínios como, a electrónica, a física, ou a ciência dos computadores, a grande linha de desenvolvimento da Química Analítica centrou-se na expansão dos chamados "Métodos Instrumentais". No entanto, uma vez que a todas as medições analíticas está associado um certo grau de incerteza e que os resultados analíticos são geralmente derivados de fórmulas matemáticas, é difícil conceber a Química Analítica dissociada do Cálculo Matemático e da Estatística