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Série II / Número 145 / Volume 41
Junho 2017
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“Como posso desvendar o segredo da vida?”, pergunta Maximilian (Max) Ferdinand Perutz, estudante de doutoramento no Laboratório Cavendish, nascido em Viena.  Pensa, e elege a hemoglobina como objeto de estudo. Protagonizou uma das maiores contribuições para a ciência do século XX.

Foram mais de vinte anos dedicados à descoberta da estrutura tridimensional da molécula da hemoglobina. Depois, à exploração de zonas de fronteira: funções biomecânicas, biofísica e bioquímica; e às anomalias da hemoglobina, que permitiram o sucesso médico e farmacológico. Recebeu o Prémio Nobel da Química em 1962, que partilhou com John Kendrew.

Perutz não teve uma vida fácil. A Segunda Guerra Mundial transformou o estudante em refugiado e, logo, em inimigo e prisioneiro. Nunca soçobrou. Gisela Peiser e os seus filhos ofereceram-lhe sempre primazia e segurança emocional.

Max Perutz era um homem culto. Gostava de literatura, música clássica e arte. Gostava de escalar montanhas e desvendar segredos dos glaciares. A sua palavra cativava audiências. Era cioso da “sua” hemoglobina. Foi fundador e chairman do MRC Laboratory of Molecular Biology em Cambridge, onde introduziu o ambiente propiciador ao desenvolvimento científico.