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Série ii / Número 170 / Volume 47
Outubro 2023
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DOI: 10.52590/M3.P707

A União Europeia classificou os elementos terras raras como matérias-primas críticas de elevado valor económico e interesse comercial, fundamentais para as necessidades associadas ao desenvolvimento tecnológico. Estes elementos são de difícil obtenção (mineração e posterior processamento), o que, associado aos impactos ambientais negativos e elevado risco de fornecimento pela crescente procura, e à atual hegemonia da China no campo do seu provimento, torna pertinente a exploração de tecnologias alternativas para a obtenção desses elementos. Com este propósito, procedeu-se à avaliação do potencial das macroalgas vivas para remover e concentrar terras raras a partir de resíduos industriais para a sua obtenção como alternativa económica e ecológica aos métodos convencionais. A título exemplificativo, foi dado especial enfoque à concentração destes elementos a partir de resíduos de lâmpadas fluorescentes.


A paroxetina é utilizada no tratamento de muitas doenças psicológicas, especialmente na perturbação depressiva maior (PDM). É um inibidor seletivo de recaptação de serotonina e, desta forma, um antagonista dos transportadores de serotonina (SERT). Neste artigo de revisão irá ser discutido o mecanismo da PDM, a farmacodinâmica e a farmacocinética do fármaco, bem como os estudos computacionais, os ensaios clínicos, a síntese e a comercialização.

 


Os transtornos de ansiedade e pânico, bem como a depressão, são um resultado da regulação disfuncional do sistema nervoso central, incluindo a via inibitória do ácido γ-aminobutírico. Por esta razão foram sintetizados diferentes fármacos para atuar nos recetores GABA e diminuir os sintomas associados. Embora as benzodiazepinas, os compostos tricíclicos e não benzodiazepínicos sejam efetivos, estudos clínicos reportaram efeitos secundários durante a sua administração. O alprazolam foi desenvolvido como uma solução para diminuir ou eliminar esses efeitos, e é um análogo benzodiazepínico que apresenta uma maior eficácia e menores efeitos secundários em relação aos compostos tricíclicos e aos não benzodiazepínicos. Mostra igualmente propriedades farmacocinéticas similares às outras benzodiazepinas, mas sem a produção de metabolitos ativos de larga duração. No entanto, a sua administração depende do estado de saúde do paciente, peso, idade e gravidez, no caso das mulheres, pois estes fatores podem afetar as suas propriedades farmacocinéticas.


Os ácidos resínicos são subprodutos da atividade humana de exploração florestal, obtidos em volume considerável à escala mundial, cuja conversão em produtos de valor acrescentado, incluindo fármacos, é desejável do ponto de vista da economia circular. A investigação da química medicinal dos ácidos resínicos é um tema atual, onde se procura melhorar a sua potência e propriedades físico-químicas através da derivatização química. As propriedades medicinais das resinas que os contêm, na reparação e cicatrização de feridas infetadas, chamaram desde cedo a atenção para o potencial dos ácidos resínicos como compostos antimicrobianos. Num contexto em que a resistência aos fármacos antimicrobianos tradicionais é reconhecida globalmente como uma das ameaças mais prementes à saúde humana, estes compostos tricíclicos disponíveis comercialmente poderão vir a ter um papel fundamental no desenvolvimento de novas terapias. Este artigo demonstra a utilidade dos ácidos resínicos na descoberta de novos fármacos antimicrobianos, ilustrada numa breve antologia do trabalho de derivatização química e otimização realizada no âmbito da atividade de investigação da autora deste artigo.


As ciclodextrinas são oligossacarídeos que têm tido uma vasta gama de aplicações desde as últimas décadas do século XX, muito embora a sua descoberta tenha ocorrido em finais do século XIX. Devido à sua estrutura de donut e, essencialmente, às suas características anfifílicas, as ciclodextrinas permitem modificar as propriedades físico-químicas de muitos compostos através da formação de complexos supramoleculares. Uma das modificações mais comuns consiste em tornar solúvel, em sistemas aquosos, compostos insolúveis ou parcialmente solúveis. Com tantos predicados, muitas outras formas de utilização de ciclodextrinas têm vindo a ser desenvolvidas. Devido à presença de grupos hidroxilo em ambos os topos do donut, as ciclodextrinas permitem quer a polimerização, quer a sua utilização como grupos substituintes de polímeros ou nanopartículas, entre outros. Nos últimos anos, métodos de síntese de nanoesponjas de ciclodextrinas têm tido um desenvolvimento acentuado, pois combinam elevadas áreas de superfície com uma elevada capacidade de complexação, encontrando inúmeras aplicações nas áreas biomédica e ambiental. Neste artigo faz-se um resumo do caminho trilhado pelas ciclodextrinas desde a sua descoberta.